NA ÚLTIMA FILEIRA DE POLTRONAS DO CINEMA LICEU
até então,
nenhuma sensação de ato completo!...
enquanto a prima bem-feita – com quem pensei em me casar –
apresentava-me a Sissi, a Beth Davis, o Oscarito,
o Pigmalião, a Lady, os Von Trapp,
a Rosa e o Zé do Burro,
na última fileira de poltronas do cinema Liceu
– displicente –,
pus o braço sobre o teu ombro...
[arrepiei-me]
toquei teus seios,
e nenhuma sensação de ato completo!...
o ventilador a girar fora do eixo,
a sala, o medo, o breu,
frios na espinha,
enquanto, os bicos dos teus seios, arrepiadíssimos!...
rasguei-te a blusa,
recosto, respaldo, pipocas, colos,
e peitos!...
[meus primeiros peitos, meus primeiros beijos]
pernas e coxas
[as minhas primeiras pernas, as minhas primeiras coxas]
uma mão minha sob tua minissaia,
uma tua – tatibitate – a desabotoar minha braguilha...
[um homem e uma mulher]
finda a sessão, hotel barato,
afinal distantes de qualquer probabilidade das bronhas mais sem arte;
cúmplices, na última fileira de poltronas do cinema Liceu:
avant-prémiere, estréia,
e uma sensação, enfim, de ato completo!...