Despertar divino

Acorda hoje um deus,

que outrora esteve morto.

Levanta do chão de joio e pastilhas coloridas.

Há um brilho inconstante e doentio;

existe um tempo absoluto enquanto se faz presente sua força

que é bruta e visceral.

Procura homens e vidas,

para que sejam salvas das religiões

e dos partidos políticos.

Tem o poder de mudar o mundo,

mas o reconstrói com seus desígnios alucinógenos.

Ele pode destruir

e construir outros mundos,

mas é adepto do "Green peace"

e, por isso,

recicla.

Quem será esse deus?

É filho de demônios,

ou peçonha de nossos sonhos?

O que é esse ser,

essa força que ergue-se de maneira viril,

como o pênis de um virgem em sua primeira transa?

Queima nossos olhos,

queima meus olhos com sua luz entorpecente.

Pareço entender,

pareço sentir e ver o que é.

Sim. É deus.

É um deus anômalo,

é como Morfeu...

Não esteve morto;

à espreita.

É como uma serpente

a dançar tangos e valsas macabras.

Dói, é claro,

mas é necessário à vida.

É, apenas, um instante de febre.

É o excesso,

o uso

e o desassossego;

uma pequena overdose.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 20/09/2008
Reeditado em 26/11/2008
Código do texto: T1188012
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