Decoro a Curva

"Amarei, volto a dizer." (Carla Carbatti)

E. Tudo é relativo ou absoluto – ouço a alma ausente, não há alma, mas um primeiro rasgo, desço a alameda através do ar. Fazemos do sonho a distância até nós, os nós estremecem ainda no parque num silêncio de ópera. E. E acenamos os dedos da margem para a água profunda, bebemos um desejo obstinado de mergulhar. E. A água possível. A claridade de mergulhar, o ímpeto optimista das aves verdes, um cetim instantâneo em redor do corpo aberto. E. Respiro a oportunidade ou as circunstâncias, há o outro lado que domina a pele como um coágulo de sentidos. Assim. Assim como as árvores na noite orquestral. Os teus lábios são povoados por vínculos inumeráveis que não sei escrever. Invento em silêncio essa luz insuspeita, decoro a curva – por ela deslizam estes outros lábios -, absorvo o brilho dum astro. E.