Da morte do poeta
O poeta morre
e seu corpo,
depois de velado,
é enterrado.
Os vivos que acompanham
o movimento do caixão
deixam sair a tristeza,
que escorre pelo rosto
e a cada passo
toca o chão.
A lembrança da perda
por toda a vida persistirá,
mas ao compasso do tempo
o que era fogueira
deixará de ser
e apenas uma chama restará.
A tristeza será melancolia
e a melancolia saudade.
A chama sempre acesa,
mesmo que pareça sumir,
nunca se apagará.
Se o que fica é intocável
e não some,
o que se vai
já não pode mais ser tocado
e desaparece na terra
de onde viera.
Com a poeira do tempo
vai tudo que causou dor.
Os ossos já não são mais.
A memória é apenas saudade.
Apenas o poema viverá,
pois este não é parte do mundo,
mas sim da imortalidade.
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Mote: "Quando um poeta parte"