SÓ MORRE QUEM QUER

– ao poeta desconhecido –

jazo,

é fria a terra aqui ao sul,

sete palmos abaixo de todas as raízes!...

daqui,

impossível poder provar haver mais choro do que gozo;

no braço direito

– amarelinhas, cor da Oxum –

fitas,

uma corda

a poucos centímetros do pescoço,

[o antebraço estendido]

toco um carrilhão

para avisar da desnecessidade de todas as missas de sétimo dia

encomendadas por parentes e desconhecidos

só morre quem quer,

eu, jazo...

é quente a terra aqui ao norte,

sete palmos acima de todas as estrelas!...

daqui,

pressinto o baticum do coração toque-toque de Iramaia;

no braço direito

a – amarelinhas, cor da Oxum –

fitas,

acordo

como quem quer mais Iramaias e Bahias,

[os banhos, de cheiro]

flores exalo

para avisar da desnecessidade das frases nas coroas igualíssimas

encomendadas por parentes e desconhecidos

só morre quem quer,

eu, jazo...

poetas não põem pontos finais aos fados por fatalidade!...