NÃO QUERO SER (2)

Pedra de tropeço
Tiro que saiu pela culatra
Pomo de discórdia
Sinal vermelho
Curva fechada
Abraço sem retorno
Indiferente
Mão não estendida
Amigo incerto
Dúvida
Pneu furado
Ponteiro vermelho em painel de carro
Cólica menstrual
Ouvido mouco
Ponto de interrogação
Palavra errada
Impeto
Espinho de rosa
Caco de vidro no caminho
Corda no pescoço
Fósforo queimado
Bananeira que já deu cacho
Mala sem alça
Lâmpada queimada
Pane
Ave de arribação
Imprevisto
Aziago
Colméia sem mel
Abismo
Tédio
Adiamento
Adversidade
Risco
Mentira
Bajulador
Agravo
Bússola que não indica o norte
Canto do galo que não desperta a aurora
Dor da partida
Constrangimento do retorno
Rumo incerto
Porto inseguro
Aguilhão
Algema
Hoje sem amanhã
Amargo
Celulite
Fio da meia que correu
Flacidez
Monólogo
Ameaça
Aprendiz que não aprendeu
Araruta sem dia de mingau
Desnecessário
Nódoa
Recompensa
Vulgar
Obrigado a pedir perdão
Casa sem janelas
Ribeiro sem água
Infiel
Ateu
Desculpa de culpa
Mão que atira pedra
Desalento
Crítico
Tapera
Tempestade
Nefelibata
Anfótero
Placebo
Mimetista
Sofisma
Axioma
Magarefe
Deslumbrado
Delator
Doutrinador
Arrogante
Panacéia
Histrião
Néscio
Motivo de vergonha
Antes tarde
Soberbo
O travesseiro que julga
Ingrato
Juiz de atos sem ternura
Quem tem sempre razão
Inflexível
Ímpio
Perfeito

Finalmente não quero ser Mário de Sá-Carneiro, em Dispersão:
"Perdi-me dentro de mim/Porque eu era labirinto/
E hoje, quando me sinto/ É com saudades de mim."

nvelasco
Enviado por nvelasco em 06/03/2006
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