Do alto do Elevador Lacerda
Vejo o mar
e encanto-me.
No recanto de minha alma
um canto se eleva.
Meus versos não se vendem
no Mercado Modelo.
Vejo o mar
e suas embarcações,
canções que vêm com a maresia.
Minha poesia carece de pimenta
minha alma de poeta se lamenta
que na geração de teias
minhas veias filtraram
meu sangue negro
e sou tão branco
em meu ser
em meu plasma
que não passo de um fantasma
que se comove
com os cantos que chegam d’África.
Salvador-Bahia, 04/03/06