Conjectura

O que é desse tempo que passa sem resposta

das incertezas que no vagar do pensamento...

aumentam os muros da fortaleza imposta

trancafiando as portas em total confinamento.

Um epicíssimo contraditório de letras

criando uma utopia falsa, já degenerada

de pensamentos seguidos com várias cetras

nos cantos escuros da noite famigerada.

De tal celebridade boçal do [in]sucesso,

concebida no seio da dor e desespero...

carrega a solidão revirada do avesso

e a mente sã, agora em puro destempero.

Não há luzes bifocais no palco dessa vida,

nem a glória da estrela que define a gama;

só o cansaço quimérico da voz acometida

na busca do descanso da prometida alfama.

Não há final feliz no canto da poesia.

Ela tece a sustentação de uma verdade;

e os sonhos nada mais são que uma hipocrisia

de acreditar que possam ser uma realidade.

A liberdade futura!...Essa nunca há-de chegar.

Sempre haverá grilhões da dor e sofrimento

e a cada verso escrito...em lágrimas legar

a trajetória do amor num triste lamento.

Anna Müller

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 08/03/2006
Código do texto: T120462