Sol

É meia-noite e os olhos pulsam cintilantes

Como dois corações incertos na certeza

De que o Amor é quem do caçador faz presa

— De que idolatro essas estrelas navegantes.

Para tocá-las devo içar-me à correnteza,

Guiado, mas perdido por luzes errantes.

Por tantos brilhos Baco anseia o quanto antes,

Ao corpo maculando, a alma estando ilesa.

Não acho o fim que procurei nesta Odisséia

— É que meu coração, mas não minh’alma o guarda.

Vênus dirá se Helena hei de achar ou Medéia.

No escuro, a erguer-se, Sol em carmesim não tarda,

Dá à luz Paixão, e sobe, altiva como déia,

Apaga o mar de estrelas que alto não mais darda.

Thiago Leite
Enviado por Thiago Leite em 19/04/2005
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