Olhos Pretos

Abismos onde a escuridão reluz,

Cavernas de onde tu, divina, ensinas

O escuro fim, a Morte, nossas sinas,

As trevas a que tudo se reduz.

De meu faiscante e tetro olhar à luz

Cintilam superfícies cristalinas

De poços que, mais fundos que piscinas,

Me engolem de uma vez — dois lagos nus.

O Sol se recolheu e o firmamento

Negríssimo em teus olhos se refaz.

E, mórbidos, parecem pretas covas;

É onde enterrarei o meu tormento.

Na falta que Hécate, esta noite, faz,

Eis duas langorosas Luas Novas.

Thiago Leite
Enviado por Thiago Leite em 19/04/2005
Código do texto: T12083