Por conta do canto

Da mesa

Era possível ouvir cada nota que tangia no peito,

Cada escala que lhe subia ao coração.

Como se a agudez do que vinha sentindo

Estourasse nos olhos em lágrimas

Que não eram vistas,

Mas que engoliam a fragilidade das mãos

E a aparente estabilidade das coisas.

A suavidade da música

Amenizava o estrago

Duma agulha triste que já lhe vinha furando os ossos.

Por conta do canto que lhe adentrou a alma na tal noite

Ela aproveitou a cura breve

Para deixar a manhã romper

Aquela escuridão instalada há tanto,

No seu riso fosco,

No seu mundo torto.

((Ao que me faz transcender pela docilidade da música e do riso fácil))

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 02/10/2008
Reeditado em 11/07/2012
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