Lamento das Nuvens

O FRIO que me acordou pela manhã

Como encheu-me de vontade de morrer!

Mensageiro do lamento que o ancestral

Firmamento rompe para vida dar.

Um aquário vejo grande do outro lado

Do vidro que se escorre em gotas d’água.

Onde a vida, certa era, fez-se vinho,

Morrem lágrimas de brancas nuvens negras.

Frio perfume que se exala é amaríssimo

E refresca o corpo dessa dor fatídica..

A música das moribundas lágrimas

Mui feliz minh’alma faz com notas mórbidas.

Invisíveis cortinados a esconder

Tudo em volta como densa cerração.

Como choro a vã visão a me abafar,

É como se eu chorasse lá do céu.

Catedral santíssima que é a natureza,

Cuja abóbada estilhaça em muitos cacos.

Funeral das ilusões, as mais humanas.

A morte do Universo, como um Sábado.

Thiago Leite
Enviado por Thiago Leite em 19/04/2005
Código do texto: T12085