Historinha

Comprei uma flor assassina

Dessas que te grudam os espinhos

Dessas que te olham de mansinho

Dessas que nunca dizem jamais

E foi em uma tarde de abril

Eu: o homem de outubro

Eu que maio esperava

Para observar junho.

Comprei uma flor assassina

Diziam não perca a oferta.

E hoje a noite é longínqua.

E hoje a flor é incerta.

E hoje –o amanhã do ontem-

Me olha e me compra.

Eu que dizia: não estou à venda.

Eu de olhos abertos:

Aparo com as mãos cortadas:

Meu coração de desertos.

Julio Urrutiaga Almada
Enviado por Julio Urrutiaga Almada em 03/10/2008
Código do texto: T1209092
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