DÉCIMO QUINTO ANDAR

Longa noite solitária em que o vento do outono

mais fere que refresca.

O corpo todo queima,

como se o suor que lhe escorre dos poros

se transformasse em veneno.

Da janela do quarto ele observa a noite

o movimento das pessoas que

se assemelham a formigas

vistas daquele décimo quinto andar...

O perfume dela ainda habita em seu olfato

instiga seus sentidos

lhe causa tremores.

Ele fecha os olhos e pode sentir sua presença

o toque quente das bocas...o roçar das línguas...

a dança dos corpos...

O olhar se perde pela noite

seus pensamentos indisciplinados viajam até ela.

Alguns momentos atrás era no corpo dela

que ele se perdia...

Então, assim meio que enfeitiçado,

ele passeia as mãos pelo próprio corpo

acaricia sua pele nos lugares onde pouco antes

ela estivera.

Percorre caminhos que foram dela.

Ali, naquele lugar

isolado de qualquer tipo de contagem

de tempo ou de horas

ele arde de desejo.