O CUPIDO

Esse cupido está brincando comigo

Lança flechas, mas não chega ao coração

Yanque, Carajás, Canela ou Jê. Qual tribo?

Até parece índio e não anjo de legião.

Marca o alvo, mira, cerca, pega o arco: esse é meu anjo!

Aproxima mas deixa escapar. O coração dar no pé.

Rezo então pedido para seu superior: o arcanjo

Assim não te jeito. Recorro ao pajé.

Retorno minha opinião e dou mais uma chance

Assume de novo o cupido o papel da conquista

Bate asas e se aproxima em um só lance

Esquece todo o combinado. E antes que eu desista

Lembro que não parece anjo. E agora o que faço?

O que aparece na cabeça não é aureola e sim penacho.

Prefiro aceitar transformar enfim o cupido

Em índio e caçar logo esse coração arisco

Reordeno meus passos e plano preferido

Entra o novo cupido correndo qualquer risco

Isca lançada, agora é só esperar: olhos fixos.

Ruge o coração. Surge o coração. O que aconteceu?

Acertou o coração, mas de novo o meu.

Fábio Marfê
Enviado por Fábio Marfê em 05/10/2008
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