EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA

a caixa de correspondência vazia

e o carteiro que não passa!

a noite é fria

Maria, morta no quarto;

dei-lhe uma vela...

[ficou tão bela ao segurar aquela vela!...]

e o carteiro que não passa!

a noite é fria

Dr. Borges fora definitivo: – “Apêndice supurado!”.

e o carteiro que não passa!

a noite é fria

[ficou tão bela a segurar aquela vela!...]

façam-me – com uma urgência de pronto-socorro –

uma ponte de viés para Dubai

Claudete precisa saber de caixa de correspondência vazia,

do apêndice supurado,

que Maria ficou tão bela a segurar aquela vela!...

todas as mães morrem em noites frias!...

e o carteiro que não passa!

[a caixa de correspondência vazia]

a casa, oca

a viuvez, em alta

preciso contar – de vez – para Aurélia, da minha quase solidão;

a caixa de correspondência vazia,

o apêndice supurado,

Maria a segurar a vela – bela –,

omitirei

e o carteiro que não passa!

Aurélia nunca me mandou notícias!...