Enterra meu Cadáver

Co’ uma faca e impiedade o meu corpo mataste,

Viúva negra, e por mim não choraste.

Vê, contempla estes pálidos olhos e faces!

Esperavam por que me matasses

A platéia daquelas estrelas, a Lua,

Que assistiram à tragédia tua?

Para as moscas e sua mortal descendência

Jaz meu corpo em langor, decadência;

Destes ossos inteiros, que tu não amavas,

Toscos gnomos farão suas clavas;

Ansioso que está — saciará sua fome —,

Um abutre crocita teu nome.

Agora enterra meu cadáver putrefato,

Tu, que o assassinaste e que, de fato,

Deves chorar e colocá-lo sob o chão.

Lágrimas derrama em meu caixão.

Chorar não deves por teu crime hediondo... Enfim,

Chora e te lamenta só por mim.

Thiago Leite
Enviado por Thiago Leite em 20/04/2005
Código do texto: T12146