Por ser de tempo e vento
Me sinto mais que o universo
quando me ponho a andar,
entrego meus versos ao verde,
respiro fundo o ar puro do arvoredo,
colho a pitanga vermelha carmim,
e por ser de tempo
tenho todo o tempo pra mim.
Levo no museu de outro ontem
os sorrisos festejantes
para que eu não perca a estrada
que por vezes se divide
em uma ausência saudosa,
e por minha´alma ser do vento
nem sempre sei onde eu moro.
Sopra horizonte largo
no assoviar do vento,
não tendo medo das madrugadas
onde prantos e gargalhadas
se confundem
e por eu saber dos meus repontes
me estendo em silêncio
até a sua morada.
Pitanga vermelha carmim,
eu por ser de tempo e vento,
deixo teus sonhos permanecerem
ao me trazer o doce do amanhã
em um vento que leva o tempo
e amarra amores floridos
nos pensamentos que brotam em mim.