Destinatário

Este poema faço a quem queira ouvir,

que tenha um coração sensível

e o mereça por afeição...

Este poema dedico a quem transborda emoção,

experimenta a amargura... e a transforma em riso...

A todo o que não se esconde,

A todo o que não se arrepende,

A quem chora sem medo,

quem ama sem pudor...

Este poema o entrego a um amigo,

Que me queira por perto para ouvir minhas queixas

E nunca me abandone em minhas angústias,

Por quem eu possa carregar a dor...

A muitos já entreguei o meu sorriso,

E tantos já negaram seu amor...

Cada um que me fez criar, colocar sobre o papel inspiração,

Tem hoje uma marca no meu livro inacabado,

Na minha coleção de versos sem fim...

Este poema faço a eles,

Faço à minha mãe que dista tanto do meu olhar, mas me visita nos sonhos,

Ao meu pai que hoje me compreende mais que eu mesma,

Aos meus filhos que me fazem renascer...

Aos devaneios que o tempo adulto me furtou,

Aos obstáculos que venci...

Este poema faço-o à minha infância,

Às brincadeiras de roda,

À bagunça da estrada que leva à maturidade,

Faço-o ao hoje, que há tanto foi amanhã...

Aos projetos que se perderam, às luzes que se apagaram,

Ao meu olhar que encontro nos olhares adolescentes,

Ao futuro que não quero precipitar...

Este poema faço-o ao poeta que não fui e à poesia que não editei,

Faço-o até por fazer,

Até para quem não o possa ver,

Faço-o porque ele sempre esteve em mim,

Porque um poema, cada um tem o seu,

Mesmo que escondido,

Pronto para transparecer.

Este poema faço-o porque, se vivo, poeta sou.

Nalva
Enviado por Nalva em 13/03/2006
Código do texto: T122606
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