Entardecimento

Lá se vai o sol

Repentinamente

E minhas mãos dormentes

Não termina mais um verso

Que rabiscava saudades

A tarde passeia

Calmamente

E meus pensamentos doentes

Não conclui um raciocínio

Que conceituava a existência

Tudo agora é poente

Devagarosamente

E meus olhos tão contentes

Não querem mais ver os trilhos

Que levam até a noite

Lá se vai o sol

Finalmente

E meu corpo insolente

Não quer mais fantasias absurdas

Que mastigam a alma

Vou apenas adormecer

Solenemente

E depois amanhecer

Como nuvens e pássaros

A bravejar pelo céu afora

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 13/10/2008
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