Eu e a morte

Quando te sinto por perto

há em mim um desejo crescente de viver

quão paradoxal é essa nossa necessidade de vida?

Minha cara Morte, teu hálito alimenta minha sede

Se te esqueces de me assombrar,

sigo minha vida despreocupado dos perigos,

mas esqueço também de viver...

desejo, infinitas vezes a morte... Ah sim, te quero.

Parece que vai ser um belo contrato

uma saída espetacular, para tantos problemas desalinhados

e não haverá mais telefones de credores... ou haverá?

E te chamo, insistemente...

Você surge, inebriante, fascinante, devoradora

Poucas pessoas podem dizer o seu verdadeiro rosto

pois, quem tem coragem de voltar desse encontro?

Você não estende a mão, empurra... Ou sou eu quem me atiro da ponte?

Não quero mais morrer, enfim, decido.

Porque agora, nesse momento findo, antes de colidir com o asfalto gelado

sentindo o vento úmido e derradeiro, apavorado

meu coração disparado, sinto que quero viver.

Sinto o ar em meus pulmões, agora eu sinto que posso vencer.

Não há a quem recorrer, ao que me agarrar. E você sorri.

Morte FDP.