Poesia que mente sobre a amor perdido

sou o verbo invisível na pele da flor

sou nação que perdeu o trono

e luta

e come

e fracassa

e sonha com os pães de trigo mofados na cozinha

o amor que tive ou pensei que tive

não viveu pra me realizar

pra eu gozar um mar de delíca

pra me fazer latente em mim mesmo...

perco em minha própria relutância em admitir que perdi

perdi a dignidade

e sobriedade

a criatividade em amar você

loucura tensa e nobre

metal e cobre no lugar de sangue

você no lugar da memória

da merda que vivo sem vender

no nada incógnito impublicável

que faço questão de te lembrar

perdi a luta de te amar

perdi a balada do amor perfeito

me sinto tão banal pra falar de amor que penso imoralidades

penso que não existo há muito tempo

ilusão ambulante

farrapo sujo e intempestuoso

subjetividade malévola

sou maniqueísta

tolo

esteta

amoral

bobo

solto e sem fim no espaço de um beijo seco

na boca seca de um passado que se faz intruso

que se faz forte

e sangra...

perdi todo o amor possível

e cozinhei todas as batatas no banquete para Sylvhia

e fugi com as armas coladas ao meu corpo

sem noção de tempo nem de termo próprio

temo ser confundido com um marginal

quando isto acontecer

já serei mais que uma lembrança sem virtude na lembrança de um povo que chora e não se desfaz dos males de sua dor

serei o mártir dos amores inseguros

amores perdidos

e não sei mais falar de amor sem ser óbvio e

não me critiquem

apenas nasci e me esqueci de ser mais uma marionete

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 13/03/2006
Código do texto: T122797