Bulimia aos Treze, em 1999

Eu, que vivo da rua e tiro sorrisos de tapas amargos.

Eu, que preciso de cobertores por já se acostumar com a cheiro do álcool.

Eu, que ando de cabeça para baixo pra confundir os cães que um dia bateram em minha porta.

Eu, que esqueci o gosto do açúcar.

Um bilhete passa pela porta

As letras dizem "lar, doce lar"

O espantalho de papel não ri.

Não há um coração nem algodão em seu peito.

Muito menos costuras ou grampos.

Só as dobras que o fizeram.

Eu, que limpo minha boca com removedor,

Pra que palavras não virem armas.

Brindemos a cultura de nossas crianças.

Elas fazem o que fazemos,

e isso explica muita coisa.

Você, que viu o fim do mundo e se orgulha disso.

Eu, que vomitava vendo teve por 18 horas.

Lavarei meu rosto e farei as escolhas certas

Se existe o direito da escolha,

existe o certo e o errado.

Tudo pode ser libertinagem

Tudo pode vir da mórbida nostalgia

tudo e mais tudo pode ser de papel.

Ramones (Silvio Romão)
Enviado por Ramones (Silvio Romão) em 17/10/2008
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