Sou eu...

Angélica T. Almstadter

Sou a noite que arrepia

os teus sonhos desiludidos...

sou a lua que se encanta

com a tua meninice...

e te busca na curva

das esquinas quase desertas...

te envolve nas dobras descobertas

dos amores mal vividos...

sou eu que te ouve os anseios...

reconhece e entende teus receios...

Sou eu que te faz companhia

nas noites em que vagueia

a alma vazia...

despida das ilusões do dia...

sem o reflexo das cores...

sem pertencer aos amores...

perdidos nas horas mortas ...

embotados nas lágrimas

vertentes dos teus olhos audazes...

recendendo a paixão

estrangulada pelas

divisões inexatas...

previamente esgotadas...

Sou eu...

e só eu que te dou o meu abraço

sem pedir de volta sequer

um olhar de zelo...

sou eu que me contorço

entre as horas da tua visita...

na esperança de te roubar

um olhar...

um aceno..

.uma breve oração

em meio as promessas...

Sou eu quem forra teu chão...

te margeia de esperanças...

sente o cheiro do teu cio...

perdido no vento...

sem o alento do amante...

Sou eu nesse instante

a devorar tuas formas...

bailando na tua

pele tenra ...

bebendo as gotas salgadas

da tua saudade confessa...

Sou eu quem te ama desde

o tempo das descobertas...

das alamedas desertas...

Sou quem te ama desde o

primeiro adormecer do sol...

que ama antes da primeira

lua grávida no céu...

Sou eu quem te ama antes

da estrela guia riscar o céu

do teu primeiro nascimento...

Sou eu que te ama desde

o princípio das eras...

sou eu que esperas...

Deixa que eu entre...

que na tua vida me oriente...

deixa que eu divida só contigo

a minha lira apaixonada ...

deixa que eu seja atua namorada...

Deixa que eu te cubra de carinho...

que te acomode no meu ninho...

nesse abandono de cada noite

que espero e não vens...

Deixa que eu siga nos teus dias...

para que eu não me fustigue

nas esperas ansiosas

das horas mortas de receber

de ti um pouco de atenção...

sou o caminho palmilhado

de sonhos...

um dia traçado...

mas serei só lembranças nas

vagas das horas...

se não me permitires que

eu te toque os mistérios...

e desfaça os teus laços...

para que caibas nos meus

abraços...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 21/04/2005
Reeditado em 23/04/2005
Código do texto: T12379
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