Metrópole em transe

Metrópole em transe

Sandra Ravanini

Metrópole em transe, refúgio colérico

do entardecer no desgastado labirinto;

as deidades cansadas sopram o ar retinto

na bênção à ramagem de seres quiméricos.

Desesperados, os homens, luzes sem embriões

nos olhares, sustentam as filas cerzidas

no suor do dia, na agonia líquida retida

na tensa linha emaranhada das multidões.

À ramagem de seres, o destempero fiel

da escuridão que assombra as raízes dos fantasmas,

sobras despertadas nas origens dos miasmas...

deidades nos transportes lotados de réus.

Metrópole em transe; suor e decomposição

das humildes massas e dos parcos salários,

onde todos são iguais, concreto e operários...

mundo onde nem todos são iguais e nunca serão.

16/10/2008

Sandra Ravanini
Enviado por Sandra Ravanini em 20/10/2008
Código do texto: T1238171
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