Faces de jade

Faces de jade

Sandra Ravanini

Cultuo as tuas faces de moças dormidas,

seco as águas da ida felicidade,

jazo em meu leito entre pedras de jade

pranteando os sonhos das noites feridas.

Desperto ao jejum das negras agonias

arrastando a saudade à faca cega,

essa velha navalha que a mim nega

recortar o semblante que antes eu via.

Moças meninas de faces morenas,

bonecas vivas em liso marfim

descascando as feridas, agonia carmim

sulcando o rosto da pedra pequena.

Um sopro carmim entrecorta o ido amém

apagando os semblantes que antes eu via

na água da felicidade que eu chovia;

hoje chovo lágrimas nesse réquiem.

18/10/2008

Sandra Ravanini
Enviado por Sandra Ravanini em 20/10/2008
Código do texto: T1238174
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