Órfão

Estes olhos sangram

como a veia do pulso cortado.

Borra a face triste,

pintando a agonia de ser abandonado.

Mais uma vez, sou sozinho

como cães vadios e matutinos.

Meus pesadelos vêm à tona,

enchendo-me de espasmos e fascínio.

Pela via dolorida

caminho como pardais atrás de migalhas.

Brota a angústia mais uma vez

neste peito de alma falha.

Confusa está a cabeça

entre a falsa rima

e a rima clamada.

A destoar versos

e estrofes,

nunca dantes pensadas.

Me afasto de dois elos,

presos a mim por selos

de sangue contínuo;

este sangue que já não tenho

e pinta meu ódio

em meu coração soturno.

Viva ao último rebento,

que toma meu posto pela juventude querida!

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 21/10/2008
Reeditado em 26/11/2008
Código do texto: T1239740
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