ACERTO DE CONTAS

Um acerto de contas está se consolidando.
E não haverá mais volta a partir deste ponto.
A ponta do lápis marca no mapa.
A ponte sobre o vale fechado e profundo.
Não se pode avançar com as tropas pesadas
Conquanto a equipe-comando não manda informes.
De como se move por lá.
Perde-se terreno com a ação natural do ambiente hostil.
Perde-se sangue nas veias dos feridos em combate letal.
Perde-se aquilo que mais de sagrado guardou-se para o juízo final.
Perde-se, afinal, toda a razão sob o zunido da bala-fuzil.
Esta guerra romântica sumiu.
Existe apenas, preto no branco, letra em papel.
Serviu pra firmar o conceito, preceito, preconceito.
Hoje se mata com os olhos na tela, com zoom e efeito.
A guerra moderna mata apenas aquele do chão.
Aquele do botão aperta, comanda, deleta a vida do simples cidadão.
Ainda grava, transmite e apresenta em horário nobre da televisão.
Diz que é por força divina, pro combate ao mal, a remediação.
Você escolhe o lado, quem ganha e sua premiação.
Não participa, ainda bem, de toda essa retaliação.
Fica horrorizado com cenas fortes, gente morta no chão.
Comenta detalhes com o amigo no balcão.
O resultado do embate pode apresentar valores diferentes.
De um lado valores humanos em plena compensação.
Valores econômicos afetam diretamente no dia agitado do pregão.
Escolha um lado mais justo, mais místico, mais nobre.
Com ética, você vai poder dizer claramente.
Um acerto de contas está se consolidando.
Estou fora disso, enquanto o zoom não mira em minha direção.