Classe Média
Vocês são um bando de idiotas!
Seja por amarem cifrões imaginários,
ou por cuspirem nos humildes favelados.
Vocês são um bando de idiotas!
Quando submetem-se ao descaso do patrão,
e por quererem ser meros assalariados.
Vocês são um bando de idiotas!
Por pensarem que a mudança é impossível,
por não acreditarem no que sentem de verdade.
Vocês são um bando de idiotas!
No dia em que mataram a alma
em busca da maldita e convencional estabilidade.
Vocês nem sequer sabem
porque trabalhar cinco ou seis dias;
oito ou mais horas.
São como máquinas sem vida,
a ignorar o crepúsculo e a aurora.
Vocês bebem de águas industrializadas
e gabam-se de comer em “self-services”
de comidas mal temperadas.
São pequenos e falhos burgueses,
que cantam o pop de novelas televisionadas.
Dos senhores, próximos sempre estão,
por sapatos, roupas
e pseudo-respaudo.
Sonham mentiras que a terra há de comer,
a sustentar-se com pedaços de pão.
Dos pequenos
querem distância,
por não se verem do mesmo ninho;
protegem seus carros e apartamentos,
sem pagar o seguro desemprego das domésticas faveladas.
É por empinarem seus narizes,
sem se misturar com os demais,
que canto a vocês um viva
tão verdadeiro quanto a existência
e o lugar que ocupam neste mundo de mentira,
inventado por suas mais profundas frustrações.
Não percebem que não há lugar?
Que, pra vocês, não há espaço?
São como isolantes entre a elite
e a ralé.
São o mais baixo,
o mais “antipoético”;
fazem jus à blusa fátua.
Amarelos, pretos,
brancos e funcionários públicos.
Informais, putas
e donas-de-casa com unhas feitas.
São todos inertes
e desimportantes.
“Playboys”, “Patys”
e vovôs racistas habitantes do centro decadente e falido;
são todos da mesma classe,
do mesmo grupo invadido pela grosso e enorme pênis
da economia aidética deste país de índios metaleiros.
São, somos e sou
a classe média vazia e sem propósito,
que apenas uma frase merece.
Algo, outrora aprendido nas escolas particulares
ou públicas
e levado por toda a vida.
Sim,
é com muito prazer que digo,
num grito rasgado e eufórico:
“_Classe Média Brasileira,
vá tomar no cu!”