o ato desfeito

ato que se faz

contratempo feliz

contra regra amarga

vontade reprimida

desfez o eu em mim

eu

eu

eu

eu e algo que nasceu de um grande lago

fundo profundo imundo

vácuo de meu pensamento

gerúndio do meu viver

abusivo

anarquista

simplista

sem noção de linhas curvas ou retas

perfeitas

o ato desfeito é o imporvável laço de furtos

laço de furtos que se unem para completar a sinfonia

mediocridade

poesia média

fétida

tola

inóspita

há tempo para o tempo?

é verdade a Teoria do Caos?

Sou eu uma verdade ou um pensamento desfeito no ato de nascer?

vivo num mundo que pensa

pensa mas não produz

finge que pensa

que vive

que ama

que gosta de arte

desabafar é o que me resta

o que me completa

que me mata

nessa mar de angústia, de manhãs nebulosas

sem cor

amor

rimar amor com dor

paixão com coração

tolices

prefiro o ato desfeito

rima muito mais

vida com janelas abertas

e coração com horizonte perdido

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 17/03/2006
Reeditado em 19/03/2006
Código do texto: T124600