Inerte

Por esses bairros.

Por esses vales que ando.

Sempre por onde caminho,

ou onde esteja a esperar luzes de cristais,

encontro um corpo deitado.

Seja pelas crianças esquecidas,

ou pelas prostitutas mal-comidas,

minhas palavras decompõe-se

nas palpitações de meu coração tão vivo;

fétido como cadáveres e latas de lixo.

Há tantos corpos.

Há tantos abandonos

e tanto desrespeito com as carnes macias

das garotinhas jovens de classe média.

São verdades “mentidas” todos os dias;

pintando a face de nossos ciclos.

São cristais que não brilham tanto como no primeiro amor,

já morto pelos boquetes das prostitutas.

Poderia ser até a última página

dedicada a este mundo doente e vadio,

mas se me faltar assunto?

Poderia ser até o último choro

dessa geração vazia e corrompida,

mas há um (D)deus que insiste em cagar poetas!

Por essa vida que eu vivo.

Pelas dores que eu sinto.

Saudemos o acidentado coração do poeta,

que bate pela Morte que espera.

Louvemos a graça de uma poesia sem questão!

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 30/10/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1255948
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