Prudência

Abre os olhos, agarra os pés à borda

tem a vertigem de indesejável à amiga

E a fé cega de usar-te da porta

que te separa do atirar-se à minha vida

Fica, mas sê prudente

Vigia a ilusão de precipitar-se

no voar da euforia cadente

Que só da queda que projetas terás parte

Sê prudente

Na superfície, deixa o corpo rente

Fica ereto, proteje-te do enjôo

Não sucumbe à vaidade de alçar vôo

Sê contente à borda atar-se

Satisfaz-te com o exposto

Deixa-me a angústia de desbravar-me

Que meu corpo não é só oco

é gravidade

Em mim o desejo afunda todo...

E se debate.