MESMO SEM NOÇÃO

Abro minhas comportas, deixo jorrar a dor.

As asas cansadas, quedam-se apáticas

Num lugar qualquer.

Sem noção, rumino pensamentos,

Vasculho cantos, abro gavetas,

E faço versos coloridos da tristeza que restou.

Sem noção,

Colo os poemas nos troncos das árvores,

Nas asas das pandorgas viajeiras,

Nos muros dos casarios

Para não me olvidar no tempo.

Sem noção,

Quero a exegese do silêncio,

O cancioneiro do Apocalipse,

O veneno e o remédio.

Sem noção,

Quero o grito bramindo mares,

O assobio da ventania,

A despedida da dor,

Na amostragem da alegria,

No canto da felicidade,

Para ostentar o amor.

Mesmo sem noção,

Optei pelo melhor.

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 02/11/2008
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