Um belo dia

Ó, dia que sorri

entre raios de sol

e um frescor de manhãs boêmias,

louvemos a ti

bailando doces valsas

de demências cotidianas.

Que luz viril

“alumeia” a idéia

e derrete as dores.

Luz divina

e de vida,

que nos ofusca

a visão das crianças abandonadas.

Calor ferino,

de suave primavera

a desligar-nos das mentiras televisionadas.

Salve a cegueira

de nossa alegria inexata deste dia,

que fecha o cerco para

o progresso moribundo

das instituições públicas.

Viva

a este dia

tão belo e fugaz.

Bendito seja nosso esquecimento,

seja dos famintos

que, sem educação,

votam sempre nos mesmos fernandos ou silvas,

ou seja pelos mendigos

marginalizados

pela falta de emprego

filha dessa economia doente.

Cantemos como Românticos

a beleza deste dia claro,

impuro e mentiroso.

A candura deste mundo

vadio e alucinado.

Demos graças

à fome,

corrupção, estupros

e prostituição.

À falta de educação;

escolar

ou de respeito ao próximo.

Gozemos desta enganação,

ao compasso de nossa hipocrisia

tão soturna e verdadeira.

Estes olhos

tímidos pelo o horror

de nosso reflexo interno;

do nosso coração petrificado,

sem sangue ou palpitações.

Ejaculemos com esta punheta maldita

e sem razão:

A dor da ausência dos sonhos,

das lágrimas

e do amor.

Sejamos o egoísmo

vaidoso

de nossa tão serena falta de humanidade.

Olhemos perplexos

para o mundo doente que concebemos.

Não nos esqueçamos, pois,

de dar graças a Deus

pelo emprego, comida

e realizações que,

outrora, conquistamos.

Demos graças ao Senhor Nosso Deus

por mais este belo e radiante dia que nasce.

Mais uma vez,

ele é feito de tudo que é comum;

da beleza que insistimos em querer ver

nesta sangrenta e desleal guerra

que travamos com o que sentimos realmente.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 06/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1269028
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