O Papel

O que falar dele?

É um objeto

ou elemento

sempre útil?

É útil quando grava a história,

as descobertas,

ou o conhecimento.

Quando engole verdades

e diz muito

sobre absolutamente nada.

Mais útil é ao poeta

quando abriga as estrofes incertas

e os versos sem rima,

ou quando abre espaço em branco

a notas e cifras

sem escala.

São tantas as suas utilidades,

que é dispensável citá-las.

Seja porque todos já as conheçam,

ou porque seria tempo perdido

ocupar seus espaços,

simplesmente em função

do eu-lírico egocêntrico.

O que falar do Papel?

O que é o Papel?

Qual o Papel do Papel?

Às vezes,

guarda nossas mais sinceras dores.

Em outros casos,

rebela o caos contido

em nossos corações tão cálidos.

Abraça toda nossa mentira,

vaidade

e beleza

construídas ao longo do tempo.

Abraça nossas lágrimas

e tesões

já entregues ao gosto público.

O Papel.

Está sempre submisso

à caneta do poeta.

Sempre o tijolo da história,

dos amores,

brigas,

e de todas as relações humanas.

Não cria certo e errado;

nem verdade e mentira,

apenas, os acolhe.

O Papel;

mudo e explícito.

O Papel qualquer,

o Papel,

só ele,

de dólares assassinos.

Seja com pautas

e rascunhos,

ou com catarros

e rabiscos de bosta,

este é o papel do Papel:

Ser o lar

de toda imagem nascida

de qualquer palavra proferida

e nele registrada.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 06/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1269262
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