RETRATOS

RETRATOS

Haverá um tempo

Em que o passado estará exposto

no reflexo das cores orvalhadas

nas flores do jardim na janela dos fundos

As goteiras farão as rimas dos versos

que contarão a história

O silêncio que ainda há na casa grande

há entre os odores do curral

O galo que há pouco cantara

propiciou reminiscências

que os roncos dos motores e buzinas,

além do apitar cotidiano da fábrica , apagaram.

Mas, porta adentro

O retrato na parede para sempre

deterá o tempo.

Pela janela,

o que antes um pequeno broto,

agora um grande abacateiro.

E em seus galhos, ao vento, manifestantes

as moradias de joões-de-barro, já vazias...

Passou-me pela memória quantos pios dos filhotes não ouvi.

Porém,

No retrato da memória

ficará um instante do recordado dia

em que, no xaxim,

a esperança fora plantada

das minhas mãos enrugadas,

e em volta...

o dia

ia.

Clebber Bianchi
Enviado por Clebber Bianchi em 07/11/2008
Código do texto: T1270224
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