Chuva Pálida

Se esta chuva que cai

vadia e displicente

afogasse minha dor.

Se o choro dos céus,

o pranto divino

dissolvesse minhas dúvidas.

Se nesse coração

fizesse brotar a calma

e a serenidade que nunca tive.

Se em minha mente

lavasse todo o devaneio vivaz

que me faz diferente.

Se tudo isso

fizesse esta chuva,

seus raios não me assustariam tanto.

Seu frio,

cortante e ferino,

não congelaria o amor em mim.

Sua liquidez,

densa e aurática,

não findaria meus sonhos.

Se de tudo isso

fosse feito o pluvial momento,

sua ventania não me levaria tão longe.

Só que não é como quero,

ou preciso,

mas da maneira correta.

Sela nos espelhos outra chuva,

que, hora ou outra,

teima em nascer.

Sobram, apenas,

ruídos e luzes;

o frescor do cheiro de terra molhada.

Sofre, novamente, minh’alma;

fatigada e cálida,

sem a pureza daquela chuva pálida.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 07/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1270740
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