poemário

"certas conchas se abrigam em mim..." - [manoel de barros]

*

a realidade arde

à minha pele enrugada

de solidão

túmidas rugas que

ao passar dos dias,

sangram, venosamente,

e azulecem à frágil tez,

o olhar lacrimeja

à insuficiência do tempo.

[os verbos abandonam

a narrativa da fala; a língua

desfalece. somente

o olhar disperso ao nada]

rompe-se o tempo

à fissura do imediato

e palavras se enrijecem

ante o insondável e a

ternura, essa brandura

do sentir e dizer, amorosa-

mente, perde-se e

o abandono invade a boca,

porém, tudo se explica

quando se está prenhe de afeto

a ternura possui

nuances à contemplação

.

marcia eduarda
Enviado por marcia eduarda em 14/11/2008
Código do texto: T1282372
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