BONANÇA

Eu quero ver-te o corpo que, lindo, eu adivinho
se desnudar pra mim, talvez, um pouco a medo
a exibir, macio, nas dobras do meu leito
todo um poema em flor coberto de mil luzes.

Será a apoteóse, a glória desejada,
tocar com minhas mãos o cume dos teus seios
e me sentir levado nas vagas do oceano
um náufrago impotente, prestes a se afogar.

Já, pronto, o pensamento ligeiro se aquieta,
o corpo em fogo, há pouco, se acalma bem depressa...
O que nos une, agora, é só uma lembrança
que brilha nos teus olhos, serenos de criança,
como um dia de sol depois da tempestade.