URANIO V.

Uma a uma

As fontes encolhem

Regatos por entre folhagem

Cessam o baando murmúrio

Como recado apressado

Em que as letras se apagam

Uma a uma

Que valor terá uma pedra

Ou duas idéias

Que se defrontam

Para prometer festivo?

Agora

Tal polvo de mil tentáculos

A noite acossa a montanha

Mordendo com lepra nos lábios

Obstinada, rasteja ao encontro

Da melodia inútil

Retesando a musculatura

Para o lance abortivo

A montanha se fende

Rompem suas entranhas

De suas rachaduras e fendas

Irrompe pelo espaço

O canto de agonia

Derradeira canção do urânio.

Ou talvez a premonição

De um suave-medonho

Parir de novo homem,

Enquanto a rubra noite

Dissipa os últimos clarões,

Delirantes, terríficos

Pelas encostas sem eco.

(D’Eu)

Sidnei Levy
Enviado por Sidnei Levy em 24/04/2005
Código do texto: T12837