SANTA CRUZ

Ao fim da tarde,

seis horas,

ao pé da cruz

que cai,

os pecados e pedidos

dos nômades, naturais

ao pé da Cruz que cai,

refletindo os derradeiros

raios de sol

da tarde que já se vai,

recebendo alvissareira

a noite que se alevanta,

mansa, serena e

lânguida,

ao pé da Cruz que cai.

A Cruz caída conforta,

as Madalenas serenas,

os súplices habitantes,

os nobres itinerantes,

os passageiros passantes,

os suplicantes devassos,

os excluídos tristonhos,

os vagabundos, larápios.

A Cruz caída e seus

passos,

é a rota dos viandantes,

dos truculentos-errantes,

dos santos e dos beatos,

da centenária cidade.

A Cruz caída e seus

passos,

as dores e suas cores,

Os amores e suas flores,

suas rezas, procissões,

sua jóia e penhor,

suas promessas e

terços,

na velha

São Salvador.

Na velha

São Salvador

os Santos e seus

andores,

em vias sacras

lacrimosas,

cujos passos

titubantes,

titubantes e

ressurrectos,

expurgam ainda

das gentes,

na morte e na vida,

os pecados

e os erros

das suas paixões

ungidas,

ao pé da Cruz Santa,

caída.


 


 


 


 

Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 18/11/2008
Reeditado em 05/03/2020
Código do texto: T1289203
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