Poema anti-romântico

Para Alexinho, o meu grande amigo de coração gelado.

Preciso confessar, um grande mal me afeta:

não há paixão alguma que me inspire o cântico,

e não me agrada o platonismo dos poetas,

não que eu não ame, só não sou romântico.

Não creio no amor sublime, etéreo e puro,

e considero a idolatria um ato de fraqueza,

julguem-me um ser rude, de coração duro,

não é ideologia, é só minha natureza.

não nasci com o dom dos sonhadores,

e quando é preciso conquistar, eu minto,

faço versos, dou presentes, compro flores,

naquilo que enxergam romantismo eu vejo instinto.

me aborreço com as letras das canções dos rádios

e com aqueles que manifestam os corações em seus poemas

atribuindo funções a mais ao pobre miocárdio,

pois coração não ama, nada sente, pulsa apenas.