A REVOLTA DOS ANIMAIS
Vinda de todos os quadrantes, do Planeta,
A raça humana juntou-se,
No sopé da Montanha Sagrada.
E o velho Leopardo,
Do seu cume, assim falou:
“Oh, ignotos humanos,
que estais de abuso, para convosco próprios,
que ides fazer, de vossas vidas...?
“Homessa! Vós que sois uma raça fratricida,
De corpos doentes e almas viciosas,
Como tendes ainda o despudor,
De ajoelhar, junto da Montanha Sagrada...?
“Não mereceis tocar esta Terra!!!”
E a voz, continuou:
“Eu sou justo! Assim,
E como quem não deve, não teme,
Falai-me pois,
Dos vossos mais vis pecados!
“Falai-me da vossa Soberba,
Da Mesquinhez,
E da Ostentação impudica!
“Da insidiosa Vingança,
Ou da Sofreguidão!
“Da Cobiça doentia,
Ou então
Falai-me pois, da vossa Inacção,
Negligente!...”
E Sodoma, e Gomorra, falaram,
Leviana e impudicamente...
E o velho Leopardo,
Do seu cume Sagrado
(Ao derredor Doze
Ilustres Jurados),
Após demorada reflexão, assim ajuizou:
“Eu Senhor, de todos os Animais,
E mais o Eminentíssimo Júri,
Deste Tribunal, aqui presente,
Decidimos, em consciência,
Retirar-vos o dom da fala,
E do pensamento mortal!...
“Sereis pois o primitivo ser!
E haveis de percorrer, de novo,
Os íngremes caminhos,
Da douta aprendizagem!”
Retiraram-se os Animais...
Troaram os Céus...
E ventos ciclónicos,
Formaram nuvens espessas,
Um manto, opaco e sombrio,
Que escondia o Sol por completo,
Enquanto uma chuva copiosa,
Vomitava rios de enxofre,
De um amarelo, doente...
E a Terra, tremeu.
E a Montanha agonizando,
O peito estalando de dor,
Separou-se em duas,
Originando com isso,
Dois Mundos díspares.
Um deles era uma Terra erma,
Repleta de pedras frias,
E onde a noite,
Era a única esperança de vida:
Aí foi posto o Homem,
Ao abandono e às agruras
De sua negligência,
E vil prepotência.
Já o outro, era um País,
Tão prenhe de cores, quanto de fantasia,
E a Natureza, em sossegado caminhar,
Lá seguia seu curso Natural:
Sem atropelos, faltas
Ou demais excessos,
Num equilíbrio saudável e sustentável...
Pois é...
Meus caros, Humanos:
Ai, se os Animais falassem!!!
Jorge Humberto
in Fotogravuras I