Orquídea

Minha pele se rasga da nuca ao cóccix

Dando liberdade a uma gigantesca lâmina

De cartilagem e penugem.

Meu peito se rasga

E dele sai em vôo tumultuando

Um enxame de vespas

Que zunem, zunem, zunem

Minhas veias ultrapassam o limite

Das pernas e se tornam raízes grossas

E firmes, que me prendem ao solo.

Nesse momento, meu tronco se solta

E alço vôo, com meus braços que já viraram asas.

Do alto observo o bailar das nuvens

E o gorjeio dos automóveis

As penas das asas se soltam

Uma a uma

Transformando-se em pétalas de orquídea

Que caem docemente pelo chão.

http://dedodemoca.blogspot.com - Mais Priscila Andrade