SER POETA É...
©Sicouza
Ser como o sal da terra
Que salga,
que salva e conserva;
Ser como a relva que molha
E apaga das flores
a sequidão do dia anterior,
Ser como o Sol que seca ardente,
Os excessos da chuva de inverno persistente,
Que faz brotar flores e frutos,
Pra alimentar toda esta gente
Aqui e acolá,
nos confins da terra;
Ser como água que brota do chão
E corre formando riachos, regatos
Que matam a sede do seres viventes,
Sem importar-se
se fêmeas ou machos;
Somos os espúrios e pobres,
Ditos seres infortunados,
Por trazer no coração e na alma
A chaga que nos faz
ser uma casta
De homens e mulheres apaixonados!
Cheios de amor
e paixão pela vida,
Ainda que a dos outros,
Pela natureza,
Ainda que não seja a nossa
E finalmente somos cognominados
De filhos da lua
por trazer no nosso íntimo
A luz que clareia,
que afaga os sonhos
E os faz perceber que a vida não é
Um mar de amarguras
mesmo que o amor
Que se pretendeu nos deixou na rua
E com outro foi viver,
Pois é sofrendo por amor
Que fazemos a vida renascer!