Outono Prorrogado

Lembra?

De todas as dores não sentidas?

Das primaveras prorrogadas?

Das decepções não acontecidas?

Lembra?

De nossos corpos separados

De amores mau amados

De amantes fracassados,lembra?

Da decepção não acontecida, da impotência esclarecida, do gosto de morte em nossos dias, lembra?

Do atraso de nossa historia, do ralo de nosso gloria, lembra?

Remo-a tal angustia, misture com o descaso, serene no fracasso e comemore a solidão...

E quando não houver mais depressão, lembra de min, lembra da minha tortura, e volte para amargura...

É masoquismo amar, que fazem amores reinar!

E quando não houver dor, desista, não havera mais amor...

E corra para o seu martírio, e não esqueça de seu destino, de desatino...

E quando tentar fugir para a felicidade lembre de nossa cidade...

E quando a cidade o consumir, mesmo assim não irá se redimir...

E quando ouvir as sirenes do amor, goze com a dor...

E se assim o alívio surgir, vou te emergir em infelicidades rotineiras...

Não a escapatórias, não ah...

E quando tudo vira adeus, se despeça de deus, e volte a nosso inferno...

Lembra?

De todos os gozos submissos?

Lembra, dos corpos arrasados?

Lembra, do amor tão mau amado?

LEMBRA DO OUTONO PRORROGADO?

De um mundo tão perdido...

De diálogos fracassados...

E de tantos amores, mau amados...

Pedro aAyala

ayala
Enviado por ayala em 28/03/2006
Código do texto: T129716