Suaves Murmúrios

Há um poema a ser escrito

Na convicção do dia que nasce.

Debruça-se o olhar cálido

Para além do infinito

Onde a saudade conhece o caminho.

Colo-me à vida, aos sonhos

E à nitidez da voz de cada verso.

Em minhas mãos, o contorno

E a volição da palavra

Despertando o silêncio.

Não cabe na mudez do olhar

O segredo do teu nome

O entorpecer de todos os sentidos.

No idioma sussurrado pelas letras

O abandono rouco do desejo

A sensação insustentável do teu toque

Num desafio a qualquer ausência.

E por habitares a paisagem

Em que respira a imaginação

Não mais me acorda

A manhã de todos os dias.

O alvorecer que vejo

É aquele em que me vens

E me entrego a este amor

Desnuda de qualquer dúvida.

E tudo faz sentido

Se sigo o curso inequívoco

Do meu loquaz coração

Despe-se em mim o teu rosto

Acolhido por meus olhos

Tão próximo ao afago incontido

Ao adejar tênue da minha saudade

Como se tu pudesses ouvir e sentir

O murmúrio suave das minhas mãos

Que te abraçam em solidão

© Fernanda Guimarães

Fernanda Guimarães
Enviado por Fernanda Guimarães em 28/03/2006
Reeditado em 25/08/2008
Código do texto: T129740