Bárbaro

É o que somos. Bárbaros buscando civilizar-se.

Num processo que leva algum tempo, cuja vontade pode abreviar.

Somos ainda bárbaros na maneira de falar, agir. Somos ainda mais bicho quem gente. Mais instinto que razão.

A lei do progresso nos joga para frente, muito embora, teimemos em continuar animais.

Brigamos, ofendemos, revidamos como bárbaros, porque só podemos oferecer aquilo que já temos dentro de nós. E faz parte da condição humana a sua condição pré-humana, que é de um bárbaro.

Um bárbaro com sede de conquistas, de conhecer novas terras, novos mundos, esquecendo-se muitas vezes de conhecer seu mundo íntimo.

Essencialmente criador, desbravador, sua sede de criar é sua maneira de sobreviver, de se perpetuar, através de sua prole, suas obras são sua prole, todas elas.

Sempre criador, necessariamente desbravador, ainda que sublime seu modo de criar. Ainda que sua criação não seja mais fruto de suas células sexuais, mas de sua comunhão espiritual, de onde nascem as grandes obras de artes.

Obras sempre a imagem e semelhança do criador, seja do corpo, seja da alma.

Ainda que sublime seu bárbaro interior, sua criação sempre será bárbara.

Fantástico ser humano, simplesmente fantástico.