Quadro sem cor
As flores da dor me cegaram para a poesia,
Fazendo todas as imagens rodarem sem foco,
Causando estranheza e êxtase sobre o desconhecido.
Pecado e sanidade se alimentam da minha dor,
Dançam voluptuosos e selvagens sobre os meus erros,
Fazendo com que a culpa chova dos meus olhos.
As noites insones e sem fim ficam á me acusar,
E todos os ouvidos amigos já estão cansados de mim.
Meu desgoverno e limitação sombreiam o dia,
E as cores do tecido da manhã vão desbotando aos poucos.
Meus porres homéricos me afogam em riso e dúvidas,
E toda escuridão transborda do meu ser.
Ao amanhecer estarei só defronte á este mar,
Estarei comigo de frente ao quadro sem cor da solidão.
Thiago Cardoso Sepriano