Tanto me dói...
Tanto me dói não desmanchar-me
como aquela nuvem
pequena e branquinha
no mais alto
e mais azul do céu
Tanto me dói não transformar-me
de algodão doce para cavalinho-branco
e poder ouvir isso das criancinhas dizendo para
[suas mães e para outras criancinhas
como aquela nuvem
pequena e branquinha
no mais alto
e mais azul do céu
Tanto me dói o sol só queimar-me
e não mudar minha cor feia
para azuis-claros
vermelhos-claros
rosa
e outras cores que não sei dar nomes
e tudo acontece
com aquela nuvem
tão pequena e branquinha
no mais alto e azul do céu
nuvenzinha
pequena e branquinha
se você me traz dor
do mais alto
e mais azul do céu
que mentira mãezinha me contou
que eu te amei por tanto tempo?
(23/06/07)
faz pouco mais de um ano que escrevi este poema e lí ele hoje pela primeira vez depois de tê-lo escrito.
eu estava certo, não há homens no céu e daqui um tempo não haverá nem deuses e o seu dono cairá lá de cima
do mais alto
e mais azul do céu
e
a minha nuvenzinha
finalmente
sentirá tão grande dor
que irá chorar por longos anos
e eu
pela primeira vez feliz
dançarei cantarolando
consumindo toda sua chuva
e
o seu dono
estará ao meu lado
e preferirá a mim
e ela sumirá por todo o sempre
e o céu será só uma coisa da Terra
é este o meu grande sonho
ser sempre esta coisa da Terra
da mais alta
e azul
Terra!