Tanto me dói...

Tanto me dói não desmanchar-me

como aquela nuvem

pequena e branquinha

no mais alto

e mais azul do céu

Tanto me dói não transformar-me

de algodão doce para cavalinho-branco

e poder ouvir isso das criancinhas dizendo para

[suas mães e para outras criancinhas

como aquela nuvem

pequena e branquinha

no mais alto

e mais azul do céu

Tanto me dói o sol só queimar-me

e não mudar minha cor feia

para azuis-claros

vermelhos-claros

rosa

e outras cores que não sei dar nomes

e tudo acontece

com aquela nuvem

tão pequena e branquinha

no mais alto e azul do céu

nuvenzinha

pequena e branquinha

se você me traz dor

do mais alto

e mais azul do céu

que mentira mãezinha me contou

que eu te amei por tanto tempo?

(23/06/07)

faz pouco mais de um ano que escrevi este poema e lí ele hoje pela primeira vez depois de tê-lo escrito.

eu estava certo, não há homens no céu e daqui um tempo não haverá nem deuses e o seu dono cairá lá de cima

do mais alto

e mais azul do céu

e

a minha nuvenzinha

finalmente

sentirá tão grande dor

que irá chorar por longos anos

e eu

pela primeira vez feliz

dançarei cantarolando

consumindo toda sua chuva

e

o seu dono

estará ao meu lado

e preferirá a mim

e ela sumirá por todo o sempre

e o céu será só uma coisa da Terra

é este o meu grande sonho

ser sempre esta coisa da Terra

da mais alta

e azul

Terra!

Guilherme Bastos L
Enviado por Guilherme Bastos L em 24/11/2008
Reeditado em 24/11/2008
Código do texto: T1301337